A New York do PêEsse.

Pro JFK você voou. E de lá pro hotel, como é que você vai: taxi, limo, shuttle ou metrô?
Até hoje, em todas as quatro vezes em que estive em NYC, usei o serviço de shuttle para ir para o hotel. Duas vezes pousei em Newark e duas em JFK e o esquema foi parecido. Sempre comprei e reservei pela Internet, com antecedência. Na hora de estipular o horário, costumo acrescentar 45 minutos ao horário previsto de chegada do meu vôo, porque em média é o que usualmente gasto com imigração, retirar bagagem etc.
Vou relatar com mais detalhes minha última experiência, que foi em setembro de 2010. Usei a empresa SuperShuttle. A reserva foi facilmente feita pela Internet. Primeiro, digitei “supershuttle coupon discount” no Google e consegui um código que me dava 10% de desconto. Na prática, ganhei quase a gorjeta que dei ao motorista. Em seguida, fiz a reserva pelo site, indicando como horário de chegada 45 minutos depois do horário previsto para a chegada do meu vôo. Como disse antes, acho é o mínimo que se gasta entre sair do avião, passar pela fila da imigração e retirar as malas da esteira. De todo modo, os dados do vôo também são pedidos, de modo que eu acho que em caso de atrasos significativos ou cancelamentos o cliente não deve ser prejudicado. Ao final, paguei US$ 18,62 por pessoa (preço final já com impostos) no cartão de crédito e imprimi o comprovante, que também é enviado por e-mail.
No caso do Terminal 4 do JFK, onde pousei (cheguei de TAM), logo na saída (isto é, na chegada ao saguão do aeroporto, já depois do procedimento de imigração, malas etc.) há dois guichês “genéricos” de ground transportation. Fui até eles, apresentei o comprovante de pagamento, a atendente ligou para a central da empresa SuperShuttle no aeroporto, obteve a informação de quando sairia a próxima van e me entregou um cupom, dizendo que eu deveria entregá-lo ao motorista. Esse cupom dizia que eu já havia pago e que minha van sairia estimativamente em vinte minutos. Em seguida, ela pediu que eu esperasse ali mesmo, onde há um banquinho no qual as pessoas ficam esperando seus respectivos meios de transporte. Uns dez minutos depois (se muito), chegou o motorista, chamou meu nome e fomos para a van ele, eu e outros passageiros. Ele estaciona a van bem próximo do lugar onde você fica esperando.
Chegando na van, a pior parte. O motorista, com uma mão só (na outra ele segurava um telefone-rádio e um café), ficou tentando arrumar a mala de todos os passageiros naquele espaço mínimo costumeiramente existente na parte de trás das vans. As malas sofrem muito, principalmente as que ficam embaixo. Cada pancada… No Terminal 4 embarcaram umas oito pessoas. Depois disso ele passou em outro terminal, pegou mais uma pessoa e seguiu viagem.
Meu hotel era em Midtown. Não fui o primeiro a ser entregue, nem o último. Fiquei ali pela metade. Mesmo assim, fiquei uma boa hora e meia dentro da van, talvez por conta do tráfego do fim da tarde. Na chegada na porta do hotel, o motorista tirou todas as malas que ainda estavam em cima da minha, entregou-me a minha, repôs todas as malas na van (sempre com uma só mão e sem nenhum cuidado – e haja porrada nas malas…), pediu o cupom que comprovava o pagamento, recebeu a gorjeta e foi embora.
Na hora de ir embora, eu sempre voltei de táxi, porque os serviços de shuttle, depois que você informa o horário de seu vôo de volta, sempre querem passar muito antes no seu hotel, normalmente com cinco horas de antecedência. Para as empresas de shuttle talvez essa antecedência toda seja necessária, porque ela ainda vai pegar mais pessoas em outros hotéis, pode haver trânsito etc. mas para mim é um exagero. Por isso sempre usei táxi comum, pelo taxímetro mesmo, parado na porta do hotel. No entanto, dessa última vez, para ir de Manhattan (Midtown) para o aeroporto JFK, usei os serviços da AirportLimo indicado pelo Alex Melo lá no Viaje na Viagem. Como meu vôo era diurno e eu tinha de estar bem cedo no aeroporto, não quis fazer uso de vans. Ainda do Brasil, pelo site, solicitei uma cotação. O site pede que você informe horário, endereço do local onde será buscado, número de pessoas e quantidade de malas. Uma meia hora depois, você recebe um e-mail indicando quanto fica a corrida nos termos pedidos. Se você aceitar, basta clicar em um link no próprio corpo do e-mail e efetuar a reserva, com pagamento em cartão de crédito.
No meu caso, a corrida ficou por US$ 47,50 para duas pessoas e três malas saindo às 5h45 da manhã e o próprio e-mail de confirmação dizia que nesse preço a gorjeta de 20% estava incluída e que eu só teria de pagar pedágio, se existente. Cinco minutos antes do horário marcado um carro enorme (que não era van nem táxi) chegou e o motorista equatoriano procurou por mim. As três malas couberam fácil no porta-malas e acho que em uma hora estava no aeroporto JFK (tráfego zero, em um começo de manhã de domingo). A rota que o motorista escolheu exigia que eu pagasse US$ 5,50 de pedágio. Ele me avisou antes e disse que havia outro caminho, mais demorado, pelo qual não se pagava pedágio. Preferi o mais rápido mesmo.
No caminho, percebi que na verdade o site é apenas um intermediador. Você diz como quer sua corrida e ele vê com diversos prestadores de serviços quem pode lhe atender. No meu caso, o motorista equatoriano trabalhava com o pai, ambos como motoristas, apenas transportando pessoas em seu próprio carro, depois de contatados por essas empresas que fazem esses serviços. Segundo ele, 30% do valor fica com a empresa.
Mesmo sabendo que já tinha pago gorjeta antecipadamente quando fiz a reserva, fiquei sem jeito de não dar alguma coisa para o motorista. Por isso, preferia que a gorjeta não estivesse incluída no preço, para não ficar aquela sensação de eu tê-la pago duas vezes. Paciência, faz parte.
Hoje, depois de sempre ter usado shuttle na chegada a NYC e táxi comum na saída, comparando os dois meios de chegar e sair do aeroporto JFK, acho que para duas pessoas a relação custo X benefício X cansaço é desfavorável para o shuttle e benéfica para essas empresas de transporte privativo. Na AirportLimo, por exemplo, você paga mais que um shuttle e menos que um táxi e tem um serviço só seu, sem maiores demoras. Para duas pessoas a diferença de preço não é tanta e você não tem de entrar em fila de guichê de ground transportation, esperar a van chegar até você e depois no seu hotel e suas malas também não sofrem tanto. Depois de dez horas de vôo, vale a pena. Da próxima vez, se a diferença de preços permanecer parecida, abandonarei o shuttle e usarei a AirportLimo tanto para chegar quanto para sair do aeroporto. No entanto, para quem está sozinho, pelo preço, o shuttle, pelo menos na chegada, continua sendo uma boa opção.

OK, você chegou ao hotel, desfez as malas e já está na rua: qual é a primeira coisa que você faz?
Minha duração no hotel depois do check in não passa de cinco minutos, então não existe isso de desfazer malas, não. Quanto à programação, depende bastante. Normalmente, não faço programas mais sérios no dia de chegada, não. Como podem haver atrasos e como não sei como vai estar minha disposição na chegada, evito qualquer atração programada ou que precise de reserva (peças, restaurantes etc.). Costumo apenas sair para andar por uma região interessante, fazer as primeiras fotos, tentar encontrar um lugar simples mas bacana para comer, essas coisas. Programas sem compromisso, sem destino, sem horário.

Deu fome. Você entra em qualquer lugar ou tem um ou mais restaurantes favoritos?
Para almoço, não tenho muita programação, não. Tento conciliar uma refeição que não tome muito tempo mas que não seja fast food. Tenho uma listinha de sugestões dadas por amigos, lidas em blogs confiáveis etc. mais ou menos organizada por região e se na hora que bater a fome eu estiver por perto de alguma delas, vou até lá. Mas por um almocinho no Balthazar, que tem pratos muito bons e preços honestos, eu até me permito sair cinco ou seis estações de metrô da programação.
Não é que eu não goste de junk food. O hot dog do Grey’s Papaya, por exemplo, é ótimo.
Já jantar eu levo mais a sério. Gosto de aproveitar a excelente gastronomia novaiorquina. Normalmente, faço reserva em restaurantes com boas recomendações. Já fui no Jean Georges e adorei. É caro, é três estrelas no Michelin mas vale rigorosamente cada centavo. Atendimento impecável, comida divina. Literalmente aqui you get what you pay for. Por sugestão da querida Maryanne fui ao The Modern. Outro grande restaurante. Ambiente muito bonito, comida saborosíssima.
Quando vou ao teatro dificilmente consigo combinar o horário do fim da peça com um restaurante legal. Mesmo em NYC as últimas reservas ainda são para horários muito cedo (algo em torno de 10:30PM, um pouco mais ou um pouco menos dependendo do restaurante), de modo que assim que acaba a peça você tem de ir rápido para o restaurante. Por experiência própria, vi que não vale a pena a correria. Mesmo aceitando a reserva, o atendimento não é lá essas coisas, já que está todo mundo meio com pressa para que você acabe logo. Então em dias de peça eu como sem maiores critérios, tentando encontrar um lugar que esteja aberto e a comida seja boa. Acolhendo indicações de amigos brasileiros, por duas vezes eu tentei o Carmine’s, que fica bem próximo da região dos teatros. Não vou mais nem recomendo. Achei a comida um misto de grosseira, comum e ruim. Mas muitos brasileiros adoram.
Quando não tenho um jantar mais elaborado reservado, saio à procura de experiências, conferindo se aquela indicação me dada por alguém ou lida em algum lugar é boa mesmo ou não. Ou então procuro um supermercado Whole Foods para um sushi fresquinho aprovadíssimo. Sobre o Whole Foods, não há pedida melhor naquele dia em que se sabe que não vai rolar mais nada a não ser capotar na cama.

Além do roteiro de compras, de que outras maneiras você vive a cidade? Broadway, museus, passeios, cinemas?
Museus (o Cloisters foi uma ótima surpresa dessa última vez), peças da Broadway (não vejo a hora de assistir a Homem Aranha), NBA no Madison Square Garden (comprando com antecedência uma boa posição no ginásio pode sair por um bom preço) e passeios, muitos passeios. Sempre. Aliás, o Frommer’s 24 Great Walks in New York ajuda bastante nisso. Contém bons roteiros de caminhada que passam pelo óbvio, por atrações menos conhecidas e por lugares com detalhes que passariam despercebidos a olho nu.

Qual é a área da cidade que você mais gosta e por quê?
Dessa última vez voltei com uma vontade enorme de explorar ainda mais o SoHo e o Greenwich Village. Da próxima, devo me hospedar por ali.

Outlet é out ou ainda é in? Qual?
Depende. Para aquele que está precisando fazer compras em grandes quantidades, tipo aquela pessoa que está fazendo a primeira viagem para os EUA e portanto vai satisfazer pela primeira vez seus compreensíveis impulsos consumistas (já que no Brasil a absurda carga tributária e a incompreensível margem de lucro dos empresários deixa tudo caríssimo), ou para aquele pai de família que precisa comprar roupas para si, sua esposa e seus três filhos adolescentes, ir a um outlet é válido. Nesse caso, o viajante precisa se assumir. Se vai comprar, vá mesmo. Acorde cedo, chegue meia hora de o outlet abrir, estude o mapa antes para saber onde ficam as lojas que faz questão de visitar, monte um roteiro lógico, não pare para almoçar e fique até fechar. Isso tudo para só precisar gastar um dia com compras. Se está indo para o outlet, vá de verdade e faça o que tem de ser feito.
Eu só fui ao Woodbury, isto é, não conheço o Jersey Gardens. O Woodbury é enorme, então é preciso ir disposto.
Mas atenção: só recomendo outlet para quem tem no mínimo sete dias em NYC. Quem vai ficar menos tempo que isso estará fazendo um péssimo, um lastimável negócio em gastar um dos seis ou menos dias indo a um outlet, ainda que o guarda-roupa esteja um bagaço. Dá para comprar em NYC mesmo e aproveitar melhor os poucos dias que tem na cidade.
Para aquele que já viajou antes, que não está com o guarda-roupa tão velho assim, que sempre que viaja compra alguma coisa, ou seja, para aquele que está aqui e ali repondo, não precisa sair de NYC para fazer boas compras, não. As lojas de departamento (gosto muito da Macy’s), as lojas de rua (no SoHo há várias) e a Century 21 dão conta do recado com louvor.

Que conselho você daria para um brasileiro que ainda não conhece New York (se é que existe algum!).
Faça-se um favor: programe-se, pesquise e venha logo para essa que é uma das capitais do mundo.

Ao voltar pra casa, o que você sente que está levando de NY? Além do excesso de peso, é claro.
Conjecturas e reflexões sobre quando eu voltarei.

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Comentários
  • Post completassoooooooooo! Favoritado agora!

    26 de janeiro, 2011
  • Ótimas dicas. Preciso voltar logo a Nova Iorque.

    27 de janeiro, 2011
  • Toda a série “A New York de…” com q o Abrindo o Bico tem nos brindado tá ótima! Mas este post do PeEsse extrapolou! Delícia!
    Não sei se a aproximação da VnVNY2011 tb interfere no processo, mas eu entrei numa de “não fala q eu visualizo”…

    27 de janeiro, 2011
  • Excelente post!!! Completíssimo!
    No quesito transporte, depois de uma experiência tenebrosa arrastando mala no metrô de Madrid, cheguei a seguinte conclusão: se já estou gastando tanto em uma viagem, não é o conforto de um taxi / carro que vai me levar a falência! Assim esse custo já entra no planejamento e ninguém sofre, principalmente se estiver em 2 ou mais, como disse o PêEsse.
    Na última vez em NY (out/09) peguei um taxi comum no aeroporto. Com o pedágio e a gorjeta ficaria em uns 55 dólares. Não tinha trocado, então dei 60. O motorista sorriu de orelha a orelha, agradeceu e aqueles 5 dólares não me fizeram falta. Na volta, como já tinham falado que é super difícil conseguir um taxi, reservei um carro no hotel mesmo, também por 60, já incluída a gorjeta. Era um Lincoln (acho) enoooorme, super confortável, que chegou exatamente no horário combinado! Foi ótimo e recomendo!

    27 de janeiro, 2011
  • Fantástico ! Melhores dicas ever !

    30 de janeiro, 2011
  • Como diria a DaniG., MELDEUSSSSSS!!! Este é O guia de bolso de NY!!
    Muito obrigada PêEsse! 🙂

    Essa explicação do transporte vale alguns $$$$$!

    Aliás, o tal do AirportLimo sai mais barato do que o taxi da minha casa para Guarulhos e aqui ninguém fica pensando se vai de shuttle, ônibus, etc. Só na volta, que de vez em quando, pego o ônibus para Cononhas que fica bem pertinho de casa e de lá o taxi. Mas na ida, se não for de carro (o meu ou carona) é sempre taxi mesmo. Com certeza vou adotar as dicas em abril 😉

    1 de fevereiro, 2011
  • Nossa, matou a pau. Vou esperar umas promo para ir aqui de London para NY e seguir essas dicas. Ficou bem completo.

    10 de fevereiro, 2011

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