Pequenos museus, grandes obras.

Não que eu tenha – absolutamente! – me cansado dos museus de New York. Nem um pouco. Até porque toda semana, felizmente, pipocam novas e excelentes exposições. Mas, sempre que possível, não é uma má ideia expandir um pouco os horizontes.

Foi o que eu fiz esse quase fim de semana. Aproveitando que o maridão tinha uma reunião em Hartford, Connecticut,  aproveitei para conhecer 3 novos (pelo menos para mim!) museus. É claro que a ideia deste post não é, de forma nenhuma, tentar fazer com que alguém saia de Manhattan e ande 200 km para conhecer mais três atrações que o tri-state tem para oferecer. Mas, se calhar de alguém estar subindo a I-95 com destino a, digamos, Boston, vale um pequeno desvio…

Casa do Mark Twain

Fica em Hartford, capital do estado de Connecticut. Trata-se, na verdade, da casa em que ele morou durante uns 20 anos, mas que vendeu por motivos econômicos. As visitas são guiadas e apesar de eu  o-d-i-a-r  visitas guiadas, neste caso particular, foi uma das melhores coisas do museu. Explico: a casa, depois de ter sido vendida por Mark Twain, virou metade habitação, metade escola; depois foi dividida em pequenos apartamentos; e só mais recentemente uma non profit organization – Friends of Mark Twain – decidiu transformá-la em museu.  A casa, devo dizer, é maravilhosa. E o interior design, feito por Louis Tiffany, filho do famoso  joalheiro, é mais maravilhoso ainda. Qual seria o problema então? O problema é que quase nenhum dos objetos à mostra pertenceu de fato a Mark Twain (ou Samuel L. Clemens, que era seu verdadeiro nome). Eles recriaram os ambientes baseados em fotos e outros documentos. Tudo bem, até que dá para aceitar. Mas aí você chega à biblioteca. Desculpem-me a chatice, mas entrar na biblioteca do grande Mark Twain e não encontrar nem mesmo um livrinho que lhe tivesse pertencido é um pouco frustrante. Para não dizer, absurdo! As prateleiras estavam forradas de livros comprados a metro: 50 cópias de um, 39 de outro, e por aí vai. Mas não se deixem abater pelo meu comentário. A casa vale a visita.

Hill-Stead Musem

Fica em Farmington, a uns 15 minutos de Hartfort. Uma casa linda, construída por uma arquiteta, Theodate Pope Riddle, para os pais dela. Mais do que uma casa, na verdade: algo entre um sítio e uma fazenda. Um lugar privilegiado pela natureza. E que ficou mais lindo ainda quando o pai, Alfred Pope, passou a se interessar por arte. Com dinheiro para dar e vender, o milionário viajava com frequência para a Europa e se tornou amigo de pintores e merchants logo no início do Impressionismo. O resultado dessa relação são as obras primas que hoje forram as paredes da casa: Monet, Manet, Matisse, Degas, Whistler, e por aí afora. Sem herdeiros, Theodate decidiu que, após sua morte, a casa seria transformada em museu. E separou um “dinheirinho” para isso. Com uma condição: nada de novo poderia entrar no local e, mais importante ainda, nada poderia sair. A regra deve ter enfurecido os grandes museus que, sem dúvida, adorariam tomar emprestado esse ou aquele quadro. Mas não há nada a fazer. Quem tiver interesse tem que ir até Farmington e ver in loco. O que, como eu pude comprovar, é um ótimo passeio.

Florence Griswold Museum

O local é Old Lyme, a 100 metros da I-95 (e eu nunca vi!). Mais uma casa histórica com uma galeria moderna ao lado. A casa hospeda algumas dezenas de obras de Impressionistas americanos. Nenhum deles com a fama de seus colegas franceses, mas com quadros que – na minha amadora e modesta opinião – não fariam feio na Europa. Tanto é que, visitando o tio google, dá para ver que há nomes bastante respeitados.

Connecticut, na verdade, foi um polo de arte muito importante no início do século passado. O acervo vale a visita. E a galeria, com exposições temporárias, também não fica para trás. Quando eu visitei, a mostra era de Lucien Abrams, um impressionista originário do Texas (quem diria?). Mas não é que é um artista de mão cheia?! Gostei muito.

Saí de lá feliz da vida e, descendo a I-95, parei no famoso Clinton Premium Outlet. Porque também nem só de arte vive uma mocinha… Tá bom, nem tão mocinha… 😉

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Comentários
  • Muito interessante, Marcie. Uma pena que não tenham feito um bom trabalho com a casa do Mark Twain, mas os outros dois locais parecem ser excelentes. E a região é linda, né? Beijos.

    27 de abril, 2014
  • Delícia passear com o maridão e ainda conhecer museus e fazer comprinhas!
    Ah, tô acessando o novo Abrindo o Bico pelo computador e admirando-o em todo o seu esplendor! Lindão!
    Adorei a foto que aproxima quando o mouse passa por cima…

    28 de abril, 2014
  • Como sou apaixonada por biografias, acho delicioso poder visitar lugares que mesclam vida e obra. Já tinha curtido suas postagens ao longo do passeio, imagina então depois de ler o post?! Concordo com a Carmem, show de bola passear com o maridão e visitar os museus. Já quanto as comprinhas, me abstenho, mocinha. Quanto ao AoB, ficou leve, gostoso, um charme. Parabéns. Abraços, querida!

    29 de abril, 2014

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